Fila Brasileiro, Chico Peltier, Francisco Peltier, C�o de Fila Brasileiro Fila, CAFIB - Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro Fila Brasileiro, Chico Peltier, Francisco Peltier, C�o de Fila Brasileiro Fila, CAFIB - Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro Fila Brasileiro, Chico Peltier, Francisco Peltier, C�o de Fila Brasileiro Fila, CAFIB - Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro
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INTRODUÇÃO
Introdução por  Francisco Peltier – Dez, 2008

Na língua portuguesa não encontramos a exata tradução  da  palavra  inglesa “serendipity”. Talvez  a melhor e mais simples seja: “feliz acaso”. Ou seja,
trata-se da afortunada possibilidade  de se encontrar coisas interessantes e valiosas, por mero acaso e pelas quais não se necessariamente procurava. 
Pois é justamente assim  que defino o  meu  encontro  com  a  Raça Fila Brasileiro...  

AGRADECIMENTOS:
Meu mais profundo e sincero obrigado a todo o pessoal do CAFIB, principalmente aos seus dirigentes e, mais ainda, aos meus queridos Airton Campbell, Américo Cardoso, Luiz Antônio Maciel e Fernando Zanetti Coelli. Sem o incansável trabalho do CAFIB, dirigido, orientado e operacionalizado por vocês, eu simplesmente não teria ajudado a realizar um dos meus maiores sonhos: resgatar da extinção, recuperar, aprimorar, preservar e perpetuar o Cão de Fila Brasileiro tal qual herdamos da Mãe Natureza.Obrigado também  ao meu querido e admirado amigo Paulo Santos Cruz que me orientou e apresentou o verdadeiro Fila. Obrigado ainda a Paulo Roberto Godinho e Antônio Carvalho Mendes que tiveram a coragem de divulgar inicialmente nossas denúncias e, posteriormente, nossa filosofia de criação e nosso trabalho em prol do Fila Brasileiro. Sem o apoio da imprensa teria sido muito mais difícil atingir nossos objetivos. Agradeço ainda ao Paulo Godinho por ser esta enciclopédia ambulante, com uma memória prodigiosa, que algumas vezes consultei durante a realização deste meu trabalho. Um obrigado especial aos dois AC`s do CAFIB: Airton, por ter sido durante todos estes anos o meu contato telefônico e minha ponte com o CAFIB, me aturando como um verdadeiro confidente, principalmente após o falecimento de Paulo Santos Cruz e, ainda, ao Américo que me ajudou, com profundo conhecimento de nossa língua, na revisão dos meus seguintes textos:  Comentários sobre o  CAFIB, Comentários sobre o Canil CAFIBRA e, principalmente, esta INTRODUÇÃO, Finalmente, agradeço ao Leandro Brum, proprietário da New Commerce Brasil, que com muito profissionalismo criou este Site.

 OBJETIVO DESTE SITE:
É apenas disponibilizar para todos os interessados, uma grande parte da documentação que possuo, contando a história do Fila Brasileiro através principalmente da saga do CAFIB, baseada em livros, jornais, revistas, colunas, artigos, cartas, emails e fotos do meu acervo pessoal. A idéia é que  cada  um  de  vocês  se  sinta,  ao  clicar  cada link e  documento,  abrindo,   visitando e pesquisando nos meus arquivos, pastas e fichários.

I - A MINHA HISTÓRIA

O INíCIO:
Meus amigos, talvez esta minha feliz e casual história com o Fila Brasileiro tenha tido início em meados da década de 1940 quando meu Pai, que havia recém enviuvado, colocava meus dois irmãos, Paulinho e Carmen Sylvia,  para dormir cada um em seu berço, tendo entre eles, sempre atento e tomando conta, um cão policial...

Meu Pai sempre gostou de cachorros, principalmente o tal do policial que na verdade era um vira-lata de luxo. Ele jamais criou algum animal. O negócio da Família Peltier de Queiroz era plantar cacau. Meu avô foi fazendeiro de cacau. Papai, assim como a maioria dos meus tios, manteve esta tradição familiar. Ele implantou a Fazenda Santa Lúcia, no Distrito de Camacã, ao Sul de Ilhéus - Bahia, morrendo aos 76 anos plantando cacau. Apesar de Engenheiro, Papai era na verdade um plantador. De cacau a amendoeiras, lá na calçada de nossa casa no Leblon. No início da década de 1970, comprou um Sitio em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio e resolveu plantar 1.000 pés de  cada uma das seguintes espécies: laranja lima, seleta e bahia; manga espada, fruta do conde, coco, abacaxi, amendoim, milho... Não me perguntem a razão. Só sei que todas as culturas por ele plantadas neste sítio tinham que ter mil pés de cada... Durante alguns anos eu fui o único da família que sabia onde este sítio realmente ficava. Ele me acordava às 5 horas da matina todos os sábados, independentemente da balada a que eu tivesse ido, pois naquela época ele não tinha motorista  aos sábados e desta forma sobrava pra mim.   

Acho que sai parecido com ele neste lance de cachorro. Sempre gostei muito de cães. Todos os tipos de cães e, o melhor, eles sempre gostaram muito de mim... Basta me ver na primeira página do link Fotos. Aliás, sempre adorei vira-latas, mesmo antes da Obamamania... Num belo dia, no início de 1974, quando o nosso Sítio já se encontrava quase pronto, Papai me disse: -- “Chico, compra um casal de policial para tomar conta lá do Sitio São José”. Tudo bem, mas acontece, meus amigos, que eu sempre gostei bem mais de cão de pêlo curto e de cabeça retangular, talvez resquício dos Boxers que eu e meu irmão Manoel José tínhamos na nossa casa de veraneio em Petrópolis. Ou seja, o tal policial que o Velho tanto gostava, estava longe do meu ideal e totalmente fora dos meus planos. Iniciou-se então uma grande negociação com o inteligente e experiente Paulo Peltier de Queiroz, felizmente vencida, provavelmente pelo cansaço, por mim... Assim, fui incumbido pelo Velho de comprar um casal de cães. Me lembro bem de ter visitado vários canis de Labrador e quase ter ficado com um filhote clarinho de um casal de norte-americanos que trabalhavam na IBM do Rio e moravam na Av. Atlântica. Estava muito inclinado a adquirir um cão desta raça quando, em meados de 1.974, acho que no mês de Maio, num domingo chuvoso, abri o Jornal do Brasil e li nos Classificados um anúncio sobre venda de filhotes de cães de Fila Brasileiro em Jacarepaguá, Rio.

SERENDIPITY:
Bem, como não estava dando praia nem tinha FLA x FLU, resolvi depois do almoço dar uma conferida neste tal de Cão de Fila Brasileiro que eu jamais havia visto. Sabia apenas que era um cão grandão e valente. Foi com estas pouquíssimas e desestimulantes informações sobre o Fila, e com 24  anos  incompletos,  que  desembarquei  do meu  Fuscão no Canil dos Pampas, propriedade de Cláudio João Fontes, situado na Estrada dos Bandeirantes, 11.742 em Jacarepaguá, aqui no Rio. Ele era muito simpático, bom de papo e eu atestaria, no futuro próximo, tratar-se também de um hábil vendedor... Antes de chegarmos às instalações do seu canil, para conhecer  os Filas, que se situava numa antiga granja mal adaptada para este fim e atrás da residência de sua família, pude escutar ao longe  altos e fortes rosnados e latidos. Ansioso, fui andando com o Cláudio pelo gramado, rodeado de mangueiras e jaqueiras, quando apareceu soltinho, não tenho a menor idéia  de onde, um Fila enorme. E, o pior, rosnando para mim.

Foi tão rápido que não deu tempo de sentir medo. Era uma fêmea  enorme, amarela, linda, brava mas, Graças a Deus, muito obediente chamada Braúna da Soledade ou, simplesmente, Belona. Cláudio rapidamente controlou-a e aí eu pude, aliviado, admirar com muita calma um dos mais belos exemplares caninos que eu já havia visto em toda minha vida !!!... Uma verdadeira deusa..., com a devida licença da Vera Fisher...

Assim, amigos, meu contato com a Raça Fila foi de amor à primeira vista ou, como escreveu Casimiro de Abreu no poema “O que é Sympathia?”, onde no final ele mesmo responde: “Sympathia é quase amor”. Aliás, este verso virou nome de um dos Blocos de Carnaval mais animados da Zona Sul do Rio. Sendo assim, como  dizem nossos amigos gringos, este foi o meu “feliz acaso” com o Fila...

CONTINUANDO O “FELIZ ACASO”:
Depois do susto, e da imediata flechada que recebi do Cupido, ocasionado pela aparição inesperada da “deusa” Belona, continuamos andando e chegamos finalmente ao canil, onde logo me deparei com vários filhotes, justamente da Belona. Ela  havia acasalado com um tal de Bororó do ABC que, segundo o Cláudio, era um excepcional macho de São Paulo. Ele me disse ainda que esta ninhada havia nascido em 7/01/74 e que iria ficar com um macho, outro seria dado para um amigo –- que organizou e proporcionou esta cobertura, visto que conhecia o dono do Canil ABC -- e os outros já estavam todos vendidos.

Disse-me ainda que ele iria ficar com todas as fêmeas para reprodução, pois tratava-se de uma ninhada excepcional, cujo acasalamento havia sido muito bem planejado e aguardado. Me mostrou e bem mais tarde me vendeu... um pôster do Bororó o qual guardo até hoje comigo. Conversamos muito naquele nosso primeiro encontro. Disse que tinha um Sítio em Sepetiba, que desejava comprar pelo menos mais 2 ou 3 cães para guarda e, quem sabe, poderia mais tarde organizar um canil. Acabei conhecendo sua esposa e seus 4 ou 5 filhos. Toda a família era super-simpática e hospitaleira, como bons gaúchos que eram... Cláudio era bom de papo, eu também e rolou uma boa energia. Ele tinha sido fotógrafo e pianista de clubes e boates. Acho que sua esposa se chamava Érika e me lembro de que os filhos cantavam muito bem. Era uma alegre e divertida família.

Encurtando a conversa, não me recordo exatamente quando, só sei que em pouco tempo, de tanto insistir, adquiri uma fêmea desta ninhada chamada Charrua dos Pampas, que eu passei a chamar carinhosamente de Zorra e também me comprometendo a comprar pelo menos mais dois filhotes de outras ninhadas que estavam por nascer. Como meu canil ainda demoraria uns 4 meses para ficar pronto, negociei que meus filhotes ficariam no dele até que a transferência fosse possível, pagando uma taxa mensal. Algum tempo depois nascia Dumas dos Pampas, um filhote de cor “silver” como eu tanto desejava, filho de Araribóia -- que eu na época achava o máximo – (vide link Fotos, doc 18.10) com Apantera Negra da Soledade. Meses depois nascia a brava   Ebasa dos Pampas, filha  de   Araribóia  com Braúna. E foi com este trio bem consangüíneo e com um macho de cor “silver” que o Chico aqui iniciou sua “criação”, sem nenhuma orientação técnica e nenhum conhecimento sobre o Fila. Além disto, como vocês podem ler no link Canil Cafibra, minha querida Zorra era prognata... Bom vendedor este Cláudio...

O TEMPERAMENTO E, MAIS DO QUE ISTO, O JEITÃO DO FILA:
Como a construção, não só da casa como também do meu canil, lá no sítio ia atrasando, três ou quatro vezes por semana visitava a família Fontes a fim de estar com Zorra e acompanhar o crescimento dos meus outros dois pequenos Filas. Como ela já tinha uns 5 meses, quando eu chegava eles imediatamente a soltavam e eu me distraia muito com ela, que já se sentia como ZORRA e gostava muito de mim, para alegria minha e ciumeira geral das suas irmãs de ninhada...

Mas o problema era a Dona Braúna, isto é, Belona, que vivia totalmente solta naquela antiga granja imensa, pois, quando eu chegava ela era imediatamente presa, o que fez com que eu ficasse marcado para sempre... Para o mal, mas depois, para o bem...

Decorrido aproximadamente um mês, com tantas visitas minhas, ninguém da família Fontes tinha mais saco de prender a pobre da Belona. Assim, o Cláudio combinou comigo que, num sábado, com muita paciência e disciplina, ele não iria prendê-la a fim de que começasse a se acostumar comigo. Este exercício durou algumas semanas até que ela entendesse que eu era um amigo da família Fontes e, apesar da sua “ojeriza” por mim, não precisaria me atacar. Afinal, eu não oferecia perigo algum e, além disto, ela sentia o meu ótimo relacionamento com sua filha Zorra. Ao término deste “treinamento” ela já me aceitava, isto é, não avançava mais em mim, mas também não gostava nem um pouco deste “invasor”. Foi daquele momento em diante que comecei a entender, na prática, o temperamento do Fila e esta tal de “ojeriza” tão comentada.

Ocorria exatamente o seguinte. Eu chegava na casa dos Fontes, buzinava, um dos familiares ia me receber, soltava a Zorra e ia comigo até a casa. Como disse, Belona não mais me atacava ou mesmo latia para mim, mas de forma alguma se sentia obrigada a gostar de mim. Este era o seu entendimento deste relacionamento e ponto final. Assim, por exemplo, se eu chegasse na sala para conversar com o Cláudio e ela estivesse naquele recinto, Belona levantava a cabeça em minha direção, me olhava pelo canto do olho e rosnava abissalmente. Se eu permanecesse ali, resignadamente ela se levantava e ia, digamos, para a varanda. Com o passar do tempo eu, que era apaixonado por ela, comecei a ficar abusado e confiante. Então, me levantava e ia em direção ao cômodo onde ela se encontrava. A cena ia sempre se repetindo: levantava a cabeça, rosnava e, se eu permanecesse, partia para outro aposento da casa. Eu, moleque, repetia esta implicação diversas vezes a cada visita e a pobre da Braúna ficava rodando todos os cômodos da sala, tentando se livrar deste chato. Passaram-
se mais algumas semanas e ela parou de rosnar e, então, não se mudava para outro aposento da casa, mas continuava a me ignorar placidamente. Era como se eu não existisse. E assim foi, sempre caminhando de uma forma positiva. Nosso  relacionamento nunca retrocedeu, sempre acabávamos ficando cada vez mais íntimo. Fui cativando aquela beleza de Fila pouco a pouco, até um glorioso dia em que, com a ajuda do Cláudio, ela me permitiu acariciá-la. Uma glória ! Mais um pouco e estava dando aquela coçadinha  no pé da orelha de que os Filas
tanto gostam... Mas a conquista e prova da aceitação final deu-se num dia de semana, de noite, quando  mais uma vez fui visitá-los, após meu trabalho. Entrei com meu carro no sítio do Cláudio, desliguei e saí em direção a casa como sempre fazia. Devia ser uma caminhada de pouco mais de 50 metros. Pois bem, quando estava no meio ouvi o estrondo de um transformador, foi-se a luz e tudo ficou negro. Não via um metro a minha frente. Gelei. Por onde  andaria Belona?   Será que ela me reconheceria?  Não sabia  o que  fazer:  se tentava
voltar para o carro ou se tentava chegar na casa. Fiquei alguns minutos parado, tentando acostumar a visão, pois não enxergava absolutamente nada. Pois bem, amigos, foi justamente neste momento de terror que senti aquele focinho gelado cheirando minha perna e aquele rabão balançando e batendo feliz com minha chegada...  Finalmente, para ela,  eu fazia parte da “família”...

Amigos, este é o temperamento do Fila na Cidade. Ojeriza a estranhos? Sim, sem dúvida. O Fila deve pegar e pega mesmo. Acredito que não existe cão melhor para guarda do que ele. É de sua personalidade, é nato. Não precisa ser treinado. Por um lado é feroz, agressivo e não gosta de estranhos. Por outro, é calmo, tranqüilo, independente, autoconfiante, inteligente, sabendo reconhecer não só a família do seu dono, como os amigos desta família. Ou seja, o próprio “family dog”.

CANIL DOS PAMPAS – Rio - RJ:
O Cláudio era boa praça, mas, antes de tudo, um vendedor. Ele vendia Filas e filas (mestiços), mas também ração, carne de frango, comedores, guias. Mais tarde me contou que  começou a criar Filas também por acaso e que  esta atividade transformou-se num bom e rentável negócio. Não me recordo de como ele adquiriu a Belona, filha de Bacurau e Caneca, mas lembro que ele me disse que Araribóia e Apantera teriam sido adquiridos por ele de um piloto carioca de aviões, com um nome parecido com Almiro Gastalho, talvez do Canil Soledade. Esta pessoa teria comprado estes cães em São Paulo e, meses mais tarde, revendido para ele. Participei até o final de 1977 de eventos e exposições do BKC, de diversas reuniões com criadores de Fila e fui inúmeras vezes conversar com dirigentes do BKC,  mas o fato é que jamais me encontrei com aquele cidadão.

Anos mais tarde, quando a miscigenação começava a ser conversada de forma menos reservada, Cláudio me confidenciou que aquele   senhor teria comprado Araribóia e Apantera, de um paulista que seria Guarda Rodoviário e que possuía, além de muitos Filas um casal de Mastim Napolitano. Assim, ele me disse ainda que Araribóia  seria um mestiço meio-sangue de Fila com Mastim Napolitano. Quanto a Apantera, ninguém sabia ao certo, mas  a realidade é que ela jamais seria irmã da Belona, como aparece em seu pedigree do BKC. Mais tarde, adquirindo um maior conhecimento, principalmente por meio das minhas longas conversas telefônicas com Paulo Santos Cruz, pude observar que eram tantas as diferenças encontradas entre estas duas cadelas, que só se poderia mesmo chegar à conclusão de que Belona seria uma excelente Fila, enquanto a Apantera uma péssima Napolitana... Poderíamos ainda concluir que o Sr. Gastalho  teria comprado estes dois cães em São Paulo de boa fé, pensando que fossem Filas e que, ao desconfiar do fenótipo deles, repassou-os para o Cláudio.

O fato é que Araribóia era imenso, bonitão, muito manso  e fazia o maior sucesso junto aos novos interessados na Raça Fila... Assim, como aconteceu comigo... Além disto, o Cláudio era uma habilidosa máquina de vender cães, tendo em 1975/76 ao redor de 3 a 4 ninhadas à venda todos os meses. Com o passar dos anos, o número de ninhadas disponíveis para venda sempre manteve uma linha ascendente. Conhecendo assim o início do Canil dos Pampas, sou obrigado a reconhecer que Cláudio também foi uma vítima, antes mesmo de mim, dos mesmos mestiçadores e falsificadores de pedigrees. A grande diferença é que o Cláudio continuou cruzando e vendendo não só Filas como também mestiços. Estes últimos, como se Filas puros fossem, enquanto que eu parei, na prática, logo com minha criação  (vide link Canil Cafibra).

BKC I:
Certamente existiam outros “cláudios”, tanto que em 1975 o BKC registrou ao redor de 1.000 Filas. Mas, notem: no ano seguinte, o número de registros de Fila pulou para 1.500. Em 1977 este número já passava dos 3.000 registros, que chegaram  a mais de 8.000 em  1.982. De 1977 até 1.982 o Fila Brasileiro foi a raça que mais registrou filhotes no BKC, ficando em segundo lugar até 1.985. A partir daquele ano os registros diminuíram, mas permaneceu sempre entre as 10 raças que mais registravam filhotes  até 1996.

Curiosamente, um enorme número destes cães, apesar de registrados e possuidores de pedigrees de Filas, emitidos pelo BKC, simplesmente não eram ”Filas”... Isto mesmo: eram mestiços, vítimas de cruzamentos ilegais e sem controle, efetuados por criadores inescrupulosos, que se utilizavam principalmente das raças  Mastiff Inglês e Mastim Napolitano e, posteriormente, do Dinamarquês de cor preta, conforme amplamente comprovado pelos inúmeros documentos selecionados por mim  e disponibilizados neste site.
Jamais saberei os reais motivos que levaram o BKC, notadamente na gestão de seus Presidentes Oscar Miranda e, principalmente, Eugênio Henrique Pereira de Lucena, apesar de tantas denúncias, se recusar terminantemente a tomar uma atitude contrária a este ato predatório  imposto à Raça Fila, que quase leva nosso cão brasileiro à extinção. Observem bem: eles jamais fizeram uma investigação ou uma simples diligência  aos canis por nós denunciados.

Apesar de nossos esforços e das enormes evidencias, jamais um pedigree foi cassado. Jamais um criador-misturador foi punido. Ao contrário, fundadores, juízes, expositores, criadores, simpatizantes e amigos do CAFIB foram perseguidos e eu fui considerado “persona non grata”... Imaginem, que bobagem... Estes acontecimentos, meus amigos,  também  são infelizmente demonstrados em inúmeros documentos deste  site. Este titulo que recebi, de Persona non Grata, segundo alguns, o único até hoje conferido pelo BKC, muito me honra. Vale para mim muito mais do que a Condecoração da Medalha Pedro Ernesto...

Desta forma, vejo-me obrigado a declarar que sinto até hoje uma enorme tristeza pela mediocridade e pela miopia que imperavam no BKC. Meus Deus, quanta teimosia ! Quanta burrice ! Realmente foi e ainda é inacreditável a opção, naqueles anos, do BKC pela total omissão! Esta atitude covarde encontra-se magistralmente demonstrada na capa do Jornal O FILA  nº. 8 do CAFIB, datado de Julho/79, onde se vê  a diretoria do BKC simbolizada  pelas raças criadas por seus dirigentes, num corpo de avestruz, com as cabeças enterradas na terra... Mais uma das grandes criações do nosso jornalista e fundador do CAFIB,  Luiz Antonio Maciel. Aliás, digna de uma capa de Pasquim... (vide link CAFIB-Brasil, doc 12.2b).

Teria sido tão fácil os dirigentes do BKC terem tomado as atitudes corretas, conforme afirma o jornalista Paulo Roberto Godinho em seu email especialmente escrito para este Site, datado de 18/10/08, onde pode-se ler que o CAFIB fez “...tudo o que o BKC deveria ter feito e não fez”.  Como sempre, nosso Godinho mira e acerta “um direto” no cerne no problema... (vide link Documentos de 1974 até... nº 11.21).

Infelizmente, analisem bem: nenhuma medida responsável foi tomada  pelo BKC para proteger o Fila enquanto Raça, obrigação primária daquela entidade, devidamente nomeado para este fim pelo Ministério da Agricultura, com o respaldo internacional da FCI e, ainda, com base no Código Penal brasileiro que trata das punições para o crime de falsidade ideológica, ou seja, falsificação de documentos.  Mas a burrice foi tão grande que o BKC também não tomou nenhuma medida responsável para proteger um dos seus maiores patrimônios, isto é, a própria Raça Fila, enquanto maior gerador de registros.

Amigos, admiradores de todas as raças: deixando de lado os preceitos necessários à manutenção de um honesto Registro de Cães de responsabilidade dos Kennels de cada País; deixando de lado a seriedade que criadores de qualquer raça devem adotar;  esquecendo-se da responsabilidade inerente ao BKC em colaborar na preservação da Fauna Brasileira, visto ser o Fila  naquela  época o único cão brasileiro, chegamos a uma  conclusão final, em termos somente administrativo$, comerciai$ e financeiro$, que podem ser aprendidos com qualquer pipoqueiro da esquina -- não se maltrata o bom cliente, se preserva.

Ou seja, o BKC naquela época sequer se dava conta de que:
1 – Maculava o próprio  Cartório do BKC, abrindo seus livros aos fraudadores,
2 – Asfixiava o melhor cliente do BKC, relegando a qualidade dos cães registrados.

Como resultado destas trapalhadas e omissões praticadas teimosamente por alguns dirigentes do BKC, o interesse e admiração pelo nosso Cão de Fila Brasileiro só fez diminuir, enquanto que o  coroamento desta tragicomédia anunciada deu-se então em dois tristes atos digno dos Trapalhões:

- quando eu levei Christofer Habig (famoso juiz alemão e membro do Club Fur Molosser) ao apartamento do Sr. Lucena, na Barra da Tijuca, para termos uma longa tarde de conversas, ele, a nosso pedido, perto do final do nosso encontro, redigiu de próprio punho, e depois datilografou, uma Carta Aberta datada de 12/08/83,  dirigida à Revista alemã Molosser Magazin, onde reconhece finalmente a mistura de Cães de Fila com cães de outras raças, a qual encontra-se no link Documentos de 1980 até 1983, doc 10.14;

- o BKC, tentando retirar a qualquer custo do CAFIB o registro nacional do Fila, concedido legitimamente pelo Ministério da Agricultura (Diário Oficial do Brasil – 23/01/80 – Proc. MA – 01/328/80 – vide doc. 13.1 no link O CAFIB e o MA), se utilizou de um lobby político tão forte junto ao Governo Militar, que acabou também perdendo a exclusividade que até então detinha do controle e registro de pedigrees. Este controle, concedido no Brasil pelo Ministério da Agricultura e, no exterior, por meio de acordo com a FCI,  ficou então liberado. Sendo assim, passou a ser facultado a todo e qualquer Clube registrar cães no Brasil. Ou seja, o então BKC, outrora único Clube no Brasil com poderes legais concedidos pelo mesmo Ministério da Agricultura de registrar cães, abdicou desta sua própria prerrogativa para todas as demais Raças (vide link O CAFIB e o Ministério da Agricultura), visando não perder  o controle de Filas para o CAFIB. Justamente por este motivo o BKC jamais pode proibir o CAFIB de manter seu controle e registro de Filas.

 Desculpem-me, mas PQP, quanta burrice !!!

Finalizando, há quem diga que o Senhor Lucena era na verdade um tirano e que não dava ouvidos para absolutamente ninguém. Assim, criadores ou dirigentes na época influentes como Carmen Matte, Lago Neto, Yati Lessa, Sylvia Camacho, Bonfrancesco Vinci simplesmente não eram ouvidos pelo então presidente do BKC. Sinto muito, uma pena, mas trata-se de mais uma prova de teimosia e burrice !

JACOB E ANDREA BLUMEN, Canil Curumaú – Rio - RJ:
No item acima, intitulado  CONTINUANDO O “FELIZ ACASO”, mencionei que Cláudio Fontes havia me dito que iria ficar com um macho da ninhada de Braúna da Soledade (Belona) com Bororó do ABC, mas que outro estava reservado para ser dado a um amigo dele,  como pagamento por ter  coordenado esta cobertura, visto que conhecia o Sr. Ênio Monte, dono do Canil ABC, de São Paulo. Nome deste amigo: Jacob Blumen.

Nunca soube como, nem quando eles se conheceram, mas ambos contaram para mim a mesma história com referência a este acasalamento e a conseqüente escolha do machinho. A verdade é que Jacob conhecia muito mais de cães do que o Cláudio. Até ai tudo bem, mas o fato é que o Cláudio também tinha consciência de suas deficiências enquanto conhecedor de cães... No  dia determinado para esta escolha, Jacob optou pelo machinho chamado Comanche dos Pampas, sem dúvida um expoente naquela ninhada que já era maravilhosa, bem acima da média. Pois bem, após a escolha ter sido realizada, Cláudio deu a famosa “meia volta”, argumentando  que eles haviam combinado, na verdade, que o Cláudio teria a primeira escolha, enquanto o Jacob a segunda. Assim, se o Jacob tinha escolhido Comanche, este seria teoricamente o melhor filhote da ninhada. Conhecedor da escolha do Jacob, Cláudio apenas escolheu o cãozinho que já havia sido escolhido pelo então amigo. Como não chegaram a um acordo, só coube mesmo ao Jacob a segunda escolha, a qual recaiu sobre  Cacibe dos Pampas, que veio a ser conhecido mais tarde como Trinity, vindo a se tornar um super-campeão... Obviamente o relacionamento entre ambos jamais foi o mesmo...

Mas, afinal, qual a importância para este Site desta escolha de filhotes? Aguardem mais um pouco, amigos... Como disse, Jacob tinha muito mais conhecimento de criação e soube transformar um cão muito bom, num cão excelente; enquanto que o Cláudio fez justamente o inverso com o Comanche. Mas notem: isto sem levar em conta padrão algum. Resumindo e radicalizando:  enquanto o Jacob construiu em seu canil, também em Jacarepaguá, uma piscina do tipo raia para seus cães treinarem e se desenvolverem, o Cláudio dava anabolizante. Ponto final. Ou seja, Jacob e sua esposa Andréa sabiam trabalhar os cães. Além disto, enquanto o Casal Blumen se aproximava cada vez mais da estrutura política do BKC, aonde Andréa chegou a desempenhar alguns cargos, o Cláudio era visto apenas como um comerciante de cães. Resultado? Cacibe/Trinity transformou-se num dos maiores campeões do BKC, enquanto que o Comanche ia perdendo aquele brilho e aura iniciais. Afirmo, sem dúvida alguma, que Comanche poderia ter sido um dos melhores Cães de Fila Brasileiro puros da nossa história, se tivesse sido criado por alguém com mais conhecimento técnico e recursos financeiros. Sei do que estou falando. Acompanhei de perto estes cães, desde filhotes,  pois lembrem que minha fêmea Zorra era irmã de ninhada, pelo menos no papel do registro do BKC, tanto do Comanche quanto do Cacibe...

Mas, novamente, e qual a importância desta longa história?
Vejam bem, Belona foi levada por Cláudio e Jacob para o Canil ABC, na cidade de São Paulo, que ficava numa grande loja e depósito de material de construção, se não me falha a memória chamado de Itapuã, pertencente ao Sr. Ênio Monte. Lá chegando, foram recebidos pelo Sr. Guerreiro, responsável no Canil ABC pelos cães a serem acasalados (ou cruzados...) e foram logo avisados que Bororó não estava passando bem e encontrava-se  enfraquecido em virtude de algum problema veterinário. Por isto, talvez tivesse dificuldade de  cobrir. Guerreiro pediu  que tivessem calma, pois Bororó era bom de cobertura e Belona
uma excelente fêmea. A dupla de cariocas, depois de esperar muitas horas, acabou  saindo para fazer um lanche. Ao retornarem, Guerreiro informou-os que o acasalamento havia sido consumado. Sendo assim, entraram os dois com a Belona no carro de volta para o Rio

Entretanto, Cláudio, ressabiado, com dúvidas se aquela cobertura havia sido mesmo concretizada e com muitas contas para pagar aqui no Rio, ao chegar na sua casa colocou a Belona para cruzar novamente, só que desta vez, com Araribóia. Assim, Belona foi coberta duas vezes, com a diferença de poucas horas, equivalente a uma viajem SP-Rio em 1973, tendo assim a ninhada “C” do Canil dos Pampas, de fato, dois pais diferentes,isto é, Bororó e Araribóia !!! Enquanto os filhotes eram pequenos, ninguém poderia notar absolutamente nada. Todavia, com o passar dos anos, em todos os filhotes desta ninhada de cor tigrado escuro – cor do Araribóia –, como é o caso de Trinity e de Crioula, veio a se notar traços de mestiçagem com Mastim Napolitano. Enquanto que nos  outros filhotes desta ninhada de cor amarelo – cor de Belona e também de Bororó –, como é o caso de Charrua (Zorra) e Comanche entre outros, veio a se comprovar tratar-se de uma das melhores ninhadas de Filas puros nascido naquela década.

Pois é, amigos, o destino pregou uma tremenda peça no Casal Blumen, que não sabia da desastrada atitude do Cláudio em cruzar pela segunda vez a Belona.  Conto esta longa página dos bastidores da história do Fila pois, me questiono até hoje, como teria sido se o Casal Blumen tivesse escolhido um Fila puro daquela ninhada. Nem precisava ser o melhor, pois acredito que eles teriam condições e conhecimento para transformá-lo num exemplo de Fila a ser seguido, transformando o filhotinho num Fila adulto ainda melhor. Pena que escolheram um filho de Araribóia.  Infelizmente, creio que a peça foi  ainda maior na própria Raça Fila: Trinity, ao tornar-se um super-campeão no BKC, passou a ser muito procurado para ser usado em coberturas,  ajudando assim a disseminar o sangue de Mastim Napolitano no Fila. Acredito que o Casal Blumen foi uma das primeiras e maiores vítimas da mestiçagem sem controle.

O que não sei é qual teria sido o posicionamento deles perante a Raça Fila, se este filhote fosse um Fila puro.  Será  que o Casal  Jacob e a Andréia  não  teriam se  filiado ao CAFIB?

Não teriam lutado ao nosso lado contra os mestiçadores? Não teriam alertado o BKC como nós insistentemente fizemos sobre a mestiçagem? Jacob conhecia muito bem, não só Ênio Monte, como também e, principalmente, João Batista Gomes (Canil Sete Barras-SP), o homem que tentou validar a mestiçagem de Filas com Mastiffs Ingleses, inventando a falsa teoria do Fila Terceirense; por outro lado Andréa era muito ligada ao Sr. Lucena, ex-presidente do BKC, tendo sido até dirigente do antigo BKC/RJKC.    Ambos  conheciam Fila,
idealizaram  a excelente  ninhada de Braúna com Bororó, tinham planos e pensavam longe... Qual teria sido afinal o posicionamento do Casal Blumen caso Trinity fosse um Fila puro? Será que Blumen teria continuado aliado de João Batista? Afinal foi do próprio João Batista, ex-presidente do Clube Paulista do Fila que eu escutei -- ninguém me contou -- em meados de 1977, num jantar tendo ao meu lado Jacob Blumen,  que já se encontravam preparados em São Paulo  55 mestiços/bastardos prontos para serem cruzados com Filas... Bem, mas isto é outra história que vocês vão ler um pouco mais para frente...

FAZENDO A COISA CERTA... e BKC II:
A vida é simples, mas, infelizmente, muitos seres humanos fazem tudo para complicá-la. Eu simplesmente optei por fazer o que é correto. Resolvi ter Filas para tomar conta de um sítio. Depois, quem sabe, um canil como distração. Esta era a idéia inicial que foi sendo substituída por mim, ao tomar conhecimento do que verdadeiramente significava a mestiçagem e do crime ecológico contra a Fauna Nacional. Desta forma fui preferindo transferir meu trabalho e energia para a preservação do Fila puro.

A cultura brasileira é engraçada, do tipo “...assim é se lhe parece...”,  como dizia Pirandello. Ou, no popular: “...vamos criando Fila com um sanguezinho estrangeiro prá ver como é que fica”. Entretanto, brasileiros mais esclarecidos não pensam e não agem  assim. Se recusam a proceder desta maneira. Ora, todos nós nos preocupamos com a preservação do Mico Leão no Amazonas, com o Jacaré de Papo Amarelo do Pantanal, com as baleias e tartarugas do nosso Nordeste e até mesmo com as focas ou ursos polares no Ártico e os Pandas na China. Logo, por que não cuidar do nosso Cão de Fila Brasileiro no nosso quintal?

Li num recente artigo escrito por Marcio Braga, Presidente do Flamengo, publicado em Out/08 no O Globo, que se encontra  esculpida na entrada do Museu Olímpico na Suíça, uma frase de Juan Antonio Samaranch, Presidente de Honra do Comitê Olímpico Internacional, que resume o espírito olímpico: “O importante é o atleta”. Pois bem amigos, para mim e para o  CAFIB, O importante é o Fila.

Assim, fui abandonando minha criação e me dedicando cada vez mais à Raça Fila, sem rancores ou mágoas pessoais daquele que me vendeu mestiços ou mesmo daqueles que iniciaram a mestiçagem. Entretanto, contra as atitudes deles fui e serei sempre um guerreiro incansável. Botei na minha cabeça que iria ajudar a resgatar o Fila Puro e também  a preservar esta raça canina brasileira tão amiga e fiel. Quem quisesse Mastiff, Napolitano ou Dinamarquês-preto, que procurasse estas raças e fosse feliz em suas criações. Bem no início, antes mesmo da criação do CAFIB, sozinho aqui no Rio de Janeiro, lutei contra o BKC de Miranda e de Lucena. Nas páginas de Animais & Veterinária denunciei a mestiçagem. Me aproximei da imprensa, por meio do Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo, os quais  estamparam em suas páginas denúncias da mestiçagem.  Criei
até uma coluna no Jornal carioca Diário de Notícias para defender o Fila, que somente foi viável com a ajuda escondida do Paulo Godinho, que me repassava notas e informações de outras raças, para que minha coluna semanal não falasse somente de Fila... Procurei o querido Zito Hermany, que me apontou a direção de Santos, onde conheci Paulo Santos Cruz e, então, meu horizonte começou a clarear. Fui um dos responsáveis pela volta do Grande Mestre Paulo Santos Cruz à Cinofilia, como diz o Paulo Godinho. Acabei na prática com meu canil e logo depois me juntei ao  excelente pessoal do CAFIB, que nasceu em 1978 em São Paulo. Meses depois escrevia Carta Aberta de Londres, datada de 3/08/78. Ao regressar ao Brasil, devido as denuncias que fiz nesta carta,  fui ameaçado de morte e tive meus cães indefesos apedrejados dentro do meu canil. Assim, dormi duas noites debaixo de uma árvore no terreno do vizinho, com um revolver na cintura,  esperando que os covardões voltassem... Mas, Graças a Deus,  eles nunca retornaram. Nunca fui criador, nunca entendi muito nem de cão nem de animal algum. Mas sei que animais se acasalam, com iguais da mesma raça. Ou seja, não se cruzam com raças diferentes. Na última e 21ª Expo do CAFIB-Guaratinguetá, organizada pelo querido Jonas Iacovantuono, Paulo Godinho disse, agradecendo a homenagem recebida do CAFIB pela sua excelente contribuição em prol do Fila, que eu era um pára-quedista que nunca tinha criado raça alguma e que, Graças a Deus e por acaso, cai em  cima da  Raça  Fila  com  o único  objetivo  de salvá-la  e  resgatá-la da extinção. Exato, Paulinho, feliz definição. E como diria o Neguinho da Beija Flor: ---- “Olha oserendipity” ai de novo, GENTE !!!

Naquela época eu dizia e deixava os misturadores  p. da vida: “—Olha bem, se você cruzar o melhor Pastor do mundo com o melhor Boxer do mundo, talvez você consiga chegar ao... melhor vira-lata do mundo...”  Continuando minha guerra, fundei o CAFIB-Rio com os queridos amigos e parceiros Antonio Alves Freire, Carlos Feijó, Dativo José Francisco, Evandro Balesteros, Gustavo Gama Lima, Helio Touriel, Helçon Lemos, João Carneiro Lombarinha, Marilia e Augusto Canizza, Mário Leitão, Raul Francisco da Costa, Vicencio Lomba Lima entre outros sem o que o CAFIB-Rio não teria sido vitorioso. Criei, com muita honra,  o termo “salada genética” e o devastador apelido depreciativo de “filamarques” para identificar a mestiçagem de Filas tigrados escuros com Dinamarqueses-pretos, que levava seus inventores metidos a pesquisadores e cientistas genéticos à loucura...

E, amigos, escrevi, escrevi e escrevi... Me tornei, segundo o criador Duarte Barros Claire,  o Campeão Brasileiro  de envio de cartas xerox... Lembrem-se que naquela época não havia ainda a possibilidade de usar emails. Ele dizia isto com muita graça pois, antes de mim, o Campeão era ele... que também brigava muito com o BKC e mandava cópias de suas cartas para todo o Brasil. -- “Mas  você, Chico, manda para o Mundo todo”,dizia... Ah, se naquela época existisse internet... Um rápido clique e centenas de emails enviados, com fotos, documentos anexados,... Ah, Santa Tecnologia... Ah... admirável mundo novo...

Procurei divulgar o Fila e o risco de extinção que ocorria sem cessar: revista Animais & Veterinária, jornais JB, Estadão, Diário de Notícia, O Globo, Molosser Magazin, diversos programas jornalísticos do tipo RJ TV`s da TV Globo, TV Band e da finada TV Manchete. Nossa gana era tão grande, que estivemos até num programa noturno da Rádio Guanabara, com a presença do meu querido Airton Campbell. Juro, é verdade: o Airton pegou um avião no fim da tarde em São Paulo para ser entrevistado juntamente comigo às 11 horas  da noite num programa do Francisco Horta. Acreditem: eu, que não gosto de falar em público e muito menos na TV, participei de dois Programas Sem Censura,  líder de audiência nas tardes cariocas, onde fui entrevistado pela Lucia Leme e depois pela fofinha mais simpática da TV brasileira, Leda Nagle. O nervosismo era tanto que, horas antes do programa entrar no ao ar, eu já me tremia todo.... Cativei para a causa da preservação do nosso Fila todos os grandes colunistas do Rio de Janeiro: Hildegard Angel, Zózimo Barroso do Amaral, Ricardo Boechat, e o Papa Ibrahim Sued, que colocou nas páginas de suas colunas simplesmente 7 fotos de Filas do CAFIB e inúmeras notas (vejam link A Importância da Imprensa) a favor do nosso Fila e do Cafib. Algumas Senhoras da Alta Sociedade Carioca ligavam então para meus pais, por ele apelidados carinhosamente de Embaixadores  da Simpatia Baiana no Rio de Janeiro, para saber como  “...aqueles cachorros enormes tinham suas fotos (por 7 vezes) estampadas  na coluna do Ibrahim e as delas não !!! ???” Meus pais não sabiam responder, mas eu respondo: o Ibrahim era espada, tinha faro jornalístico e muita sensibilidade para saber que nós lutávamos pela preservação de uma raça brasileira e não uma simples briga de criação de cachorros... Obrigado, saudoso e querido amigo. Viva nosso eterno Ibrahim !!! Ademã que o Fila vai em frente, descendo e subindo escada...

Ou seja, como disse no início deste tópico: muitos homens procuram tornar a vida mais simples e direta. Outros, intencionalmente, desejam complicá-la a fim de criar subterfúgios e escapes, que propiciem a falsa imagem de um novo cenário. Tentam dourar a velha pílula... Acredito ter sido este o caso do fila, em que pessoas desejaram auferir maiores lucros, comercializando facilmente  cães ou se realizando enfermamente  como inventores de tipos caninos novos e diferentes – jamais raça, porque isto afinal de contas dá muito trabalho e leva muito tempo. Estes mestiçadores ou simples  misturadores não se ativeram à melhora alguma na raça, nem mesmo à fixação de um tipo-qualquer-de-fila-mestiço ou de um tipo mastin ou molosso brasileiro, pois não controlaram os filhotes, fruto da mestiçagem ilegal, visto que os vendiam sem manter nenhum acompanhamento posterior. Nem tampouco se ativeram aos princípios éticos e morais que envolveriam um experimento desta ordem, visto que falsificavam pedigrees do BKC, não se preocupando assim em manter nenhum registro genealógico destas cruzas. Logo, em última análise, este empreendimento não era sério, era marginal e punia o Fila puro. Pobres dos que foram por eles e seus seguidores enganados. Pobre do BKC que se deixou envolver por marginais deste calibre. Desta forma, como há muito tempo afirmo, só me resta crer que queriam mesmo era faturar muito dinheiro às custas de emprenhar cadelas.  Justamente por isto os registro de pedigress no BKC de Filas puros e, infelizmente,  muito mais ainda de filas mestiços, bateram todos recordes de 1975 até 1882. Durante uma década, visto que de 1.982 até 1.985 os registros de Filas e filas mestiços ocuparam a segunda colocação, o “ingênuo” BKC faturou muito dinheiro proveniente destes registros e, conseqüentemente, da mistura ilegal e predatória... Daí eu acusa-los de cúmplices neste crime contra a Raça Fila. Por isto creio que o fator financeiro, como sempre aliás em toda a História da Humanidade, pesou muito na “cegueira” do BKC...

Continuando este raciocínio comercial, que demonstra um posicionamento extremamente distante da ética, que visava lucro e não criação séria, adiciono  os 3 pontos abaixo que me foram confidenciados pelo próprio João Batista Gomes, no jantar que ocorreu no final de 1977, no Restaurante Tarantela, na Barra da Tijuca, Rio – RJ do qual participou além de mim o Jacob Blumen, após uma daquelas reuniões do BKC sobre Fila que não levavam a absolutamente nada... (vejam  link Documentos de 1979, documento nº 9.24.a). Segundo João Batista,  estes 3 pontos visavam a “melhoria e salvação (???) do Fila” – e, segundo eu,  muito lucro para eles...

1 -apresentação nacional de 55 mestiços que já se encontravam selecionados para serem cruzados em grande escala  com Filas puros;
2 - apresentação e aprovação de mais um novo padrão para o fila, que iria ainda mais amastiffar  o fenótipo e o temperamento do Fila puro;
3 - organização do II simpósio em Brasília, onde seria validada esta grande malandragem.

Todas estas 3 atitudes acima relatadas, segundo João Batista, pasmem meus amigos, contariam com o apoio do BKC.

Esta incontinência verbal de João Batista foi o que detonou dentro de mim a necessidade de começar a redigir a minha Carta Aberta de Londres, que acabou sendo lançada como uma bomba em  3/08/78, antes deste simpósio fajuto mencionado acima.  Acredito ser o documento mais importante que já redigi, pois quando a cinofilia tomou conhecimento, nesta carta, dos nomes dos principais mestiçadores, dos nomes de alguns mestiços, viu a foto de João Batista Gomes com seu Mastiff Inglês impressa no papel de todas as cartas e leu minhas violentas críticas ao BKC, todo este Plano de Mestiçagem foi abortado. E o Fila salvo... Não deixem de ler esta Carta Aberta no link Documentos de 1978, documentos 8.14 até 8.18. Segundo o Paulo Roberto Godinho foi “... a maior bomba já lançada  dentro da nossa Cinofilia Nacional”. Posteriormente, numa entrevista que dei na sede do Jornal O Estado de São Paulo, o jornalista Antônio Carvalho Mendes redigiu em sua coluna semanal que eu, ao tomar conhecimento destes 3 pontos, “... antevi o fim da última raça brasileira ainda sobrevivente. Resolvi, então,  escrever uma Carta Aberta, elucidando o grande publico contra a mestiçagem...” (vejam  link Documentos de 1979, documento nº 9.24.a).

Finalizando, resta acrescentar que, por ter escrito esta veemente carta-denúncia, somente um ano depois, isto mesmo, com o pequeno atraso de quase um ano, mais precisamente em 17/07/79, o nosso querido BKC resolveu se pronunciar, me presenteando com um título do qual muito me orgulho: “Persona non Grata” da Cinofilia  Nacional... Aliás, neste mesmo documento, tentaram também  me proibir de escrever e falar -- acho que me confundiram com o Teólogo Leonardo Boff -- visto que se encontra  redigido também que (eu) “...não tendo poderes para (emitir) qualquer pronunciamento sobre a raça Fila Brasileiro”. Quanto autoritarismo vazio!  Como o Senhor Lucena, Nº 1 do BKC, escreve uma bobagem destas ?

Curioso, não é mesmo? Mas o fato é que  se eu voltasse de Londres misturando  na minha bagagem o cruzamento de Fila com Beagle, com o intuito – comercial – de modificar nossa raça, tornando-a menor, mais mansa e com uma manutenção mais barata, o que reverteria em muitos registros para aumentar o faturamento do BKC, provavelmente eu teria sido aplaudido de pé... Meu Deus, quanta irresponsabilidade! Pobre BKC! Não merecia uma administração tão desastrada quanto esta... O fato é que, segundo o Paulo Godinho, eu sou o único brasileiro a ostentar e portar este fantástico título de “Persona non Grata”. (Vide link Documentos de 1979, documento 9.15, pág 3 ). Obrigado, BKC...

Minha querida mãe, Lucia, sempre se posicionou contra o que ela chamava de “fiscal de obra pronta”, isto é, aquele chato que aparece depois que o trabalho foi concluído para ficar dando palpites. Devo registrar que o CAFIB nunca foi este tipo de crítico. Pelo contrário, saímos na frente, nascemos como Comissão, no seio do BKC para ajudá-lo a preservar nosso Fila. Infelizmente o BKC no período do Lucena, jamais levantou “...a bunda da cadeira...”, como costuma dizer o nosso Presidente Lula, para trabalhar pelo Fila. O pouco que fez foi organizar umas reuniões, sempre fingindo que passava a responsabilidade para criadores “experts” em Filas, que ficavam então responsáveis pelos cretinos..., digo, destinos da raça. Lembraram-se de Pilatos? Isto mesmo, só lavando as mãos... Foi o caso do I Simpósio de Brasília e a mudança no Padrão, ambos capitaneados por João Batista Gomes, mas na verdade Lucena controlava e usava a todos estes tiranicamente, como marionetes. Justamente  por não se  deixar  enganar; ter  como objetivo  somente  o Fila;  não   desejar
Cargos na estrutura do BKC/CBKC, poder nem dinheiro e não aceitar este tipo de jogo, o CAFIB se transformou logo num Clube independente do BKC.  Lucena permanecia  sentado no BKC, não inspecionava nenhum canil, nem mesmo o Canil ABC, onde poderia atestar em uma única visita, como eu mesmo verifiquei (vide link FOTOS, docs 18.8 e 18.9), que fêmeas Filas no cio ficavam na cidade de São Paulo e não na Fazenda do Sr. Ênio, prontas para serem cruzadas e lá veria o que em 1978 denunciei por escrito: neste mesmo canil ficava o Mastiff Inglês do mesmo Sr. Monte. Já que não desejava trabalhar na prática, o Sr. Lucena poderia ter lido, isto mesmo, pelo menos lido a carta do seu filiado Kenel Clube Paulista data da de 11/09/78 (vide doc 8.21a), que afirma que os Srs. Ênio Monte e João Batista Gomes naquela época eram os únicos no Brasil que possuíam dois Mastiffs Ingleses MACHOSe nenhuma FÊMEA. Isto mesmo: ambos importaram da Califórnia estes dois MACHOS que constam do link FOTOS, mas parece que estes dois grandes criadores se esqueceram de importar as necessárias fêmeas... Elementar meu Watson... Elementar meu Caro Lucena... Se tivessem arregaçado um pouquinho as mangas, o BKC teria parado seu importante trabalho  burocrático de emitir pedigrees, para verificar na prática, no mundo real, que as denúncias do CAFIB eram procedentes. Se naquela oportunidade o Sr. Lucena, então Todo Poderoso, tivesse mandado  cassar meia dúzia de pedigrees, tivesse suspendido ou expulsado   do  “seu” BKC  uns 2 criadores por falsificação de pedigree, baseando-se no acordo com a FCI, no acordo Ministério da Agricultura e no Código Penal brasileiro (falsidade ideológica) e tivesse exigido até uma indenização, nada, repito, nada deste desastre cinológico teria acontecido.

Afinal, quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Pois bem, amigos, será que João Batista Gomes saberia responder naquela época quem tinha nascido primeiro, se o mestiço ou o Terceirense? Pois é, errar é humano, mas persistir no erro é burrice...

Mas, nestes últimos 3 meses (out até dez/08), enquanto organizo este Site, decorridos  tantos anos de afastamento do meu dia-a-dia com o Fila, do CAFIB, das exposições,  dos criadores e da imprensa, quis  o destino que a gota d`água que faltava para este meu retorno  fosse justamente a Placa que recebi do CAFIB em minha homenagem, com o super-título de Pai do CAFIB. (vejam link CAFIB-BRASIL documentos 12.5, 12.6 e 12.6.a). Menos, amigos do CAFIB, menos. Não mereço tanto. Sem vocês a perpetuação do Fila como herdamos da Mãe Natureza não teria sido possível.   

Apesar de sempre manter meu contato com o Airton Campbell, realmente andei sumido alguns anos. Tendo começado a trabalhar aos 17 anos de idade, nunca tive mole. Ainda tenho 10 meses de férias a tirar. Só que de mim mesmo, pois sou meu próprio patrão... Desta forma, alguns anos atrás senti necessidade de re-fazer minha vida pessoal.  Sem dúvida continuar trabalhando, mas também curtir um pouco mais a vida. Adorei a curtição: como não bebo, não fumo e durmo pouco, saía 5 noites por semana... Mas o nosso Fila ficou, reconheço, um pouco de lado. Acontece que sempre acalentava a idéia de escrever um livro contando a Saga do CAFIB, mas a internet veio tomando conta de todos nós e simplificando nossa vida. Daí a idéia de criar este Site e disponibilizar na rede para todos vocês a mais importante parte dos documentos que possuo. Talvez este Site não traga, para aqueles que acompanharam estes duros anos de convivência com a Ditadura Militar, digo, da Ditadura do BKC, grandes revelações. Mas traz o interessante bastidor de como muitas coisas aconteceram e, principalmente, documentos a maioria em seus originais, que comprovam os fatos que há anos muitos de nós comentamos e  divulgamos. Este é o caso, por exemplo, da nossa querida e corajosa  Inês Van Damme, criadora de Filas na Espanha e escritora com dois livros publicados sobre nosso Fila,  que nunca  teve receio  de mencionar  a mestiçagem
em seus escritos. (vide link Documentos de 1984 até..., documentos 11.19a, 11.19b e 11.19c). Vocês acreditam que a Inês recentemente me contou que existem alguns discípulos dos mestiçadores, notadamente comerciantes de cães nos USA, que escreveram livros sobre a Raça Fila e que não mencionam uma linha sequer sobre a mestiçagem ?

Quanta falta de respeito para com seus leitores? Parece até o antigo e falecido regime comunista soviético, que passava uma borracha na sua própria história, ceifando do seu passado importantes pensadores e personagens dissidentes, reescrevendo uma estória mais conveniente ao regime, mesmo que mentirosa ou incompleta. Pois bem, acredito que com meias-verdades nada realmente sólido se constrói. Estes escritores omissos e inescrupulosos que se “esqueceram” de mencionar a mestiçagem que grassou solta no Brasil e tantos outros momentos importantes na história recente do Fila, serão, num futuro bem próximo, desmoralizados e cobrados, visto que seus antigos leitores, além de ler este parágrafo tão desabonador para eles, terão acesso aos documentos aos quais foram por eles negados.

Mas, Graças a Deus, hoje eu sou o Chiquinho Paz e Amor... , longe do guerreiro de anos atrás. Sabe por que? Porque a raça Fila está salva, graças ao CAFIB e criadores que realmente se apegaram mais a Raça do que a seus cães. Criadores que acreditaram em aprimorar seus Filas, mesmo aqueles que sempre estiveram com o BKC, mas seguiam nossa filosofia, ou aqueles que tinham “dupla cidadania”... isto é, dois pedigrees...

O fato é que, há alguns anos, o conjugar do verbo de João Batista & Cia.  “...eu mestiço, tu mestiças, ele mestiça, logo todos estaremos mestiçando...”, acabou. Felizmente, há alguns anos, os sotaques inglês, napolitano e dinamarqueses foram banidos para sempre do nosso querido Cão de Fila Brasileiro.

Obrigado CAFIB, Paulo Santos Cruz, Paulo Godinho, Antonio Carvalho Mendes, Ibrahim Sued, JB, Estadão, Animais & Veterinária e, principalmente, a você, real criador de Fila do CAFIB, do BKC/CBKC, do CMCFB, do Unifila, da ACB e mesmo sem ser filiado a nenhuma clube ou grupo. Sem voces o Fila não continuaria simplesmente sendo  aquele que herdamos da boa e adorável Mãe Terra Brasil !!!

BKC III:
Mas, me parece que felizmente, de alguns anos para cá, os tempos são outros, os ventos sopraram, a poeira abaixou. A tirania acabou... Afinal, são decorridos 30 anos da fundação do CAFIB. As pessoas e os fatos foram retornando aos seus devidos lugares e tomando suas reais proporções. Algumas pessoas, infelizmente, já partiram, como foi o caso de Eugênio  Henrique Pereira Lucena, João Batista Gomes e Procópio do Valle. Sinto muito, gostaria de participar com eles este meu Site. Sempre mantive relacionamento com meus concorrentes no campo profissional e, também, com meus  adversários no plano das Idéias, como é o caso do Fila. As falsificações e mentiras foram caindo por terra. Até o RI – Registro Inicial foi reaberto... Afinal, como se diz e a história comprova: um grupo não poderia continuar enganando tanta gente por tanto tempo... Obrigado CBKC.

Menciono isto com muita esperança no coração, visto que recentemente conheci o atual Presidente do BKC, Sr. Domingos Setta, de quem tive ótima impressão e excelentes informações. O BKC, desde fevereiro de 1980, é a entidade responsável pelos registros apenas no Estado do Rio de Janeiro, ficando, a partir também desta data, a Cinofilia Nacional, ligada à FCI, regida no nível nacional pelo CBKC. Que eu tenha conhecimento, além do Sistema CBKC, apenas o CAFIB registra, controla, julga, expõe, isto é, mantém atividades   relativas  a  um  clube  cinológico,      anteriormente  exclusivas  deste  Sistema
BKC/CBKC. Em 9 de setembro de 1995, houve uma boa aproximação do BKC com o CAFIB-Rio , quando fomos convidados pela dirigente Eva Rimes a presenciar e acompanhar a 205º Expo do BKC, que ocorreu no Clube do Professorado, em Jacarepaguá. Compareceram vários membros do CAFIB-Rio e, principalmente, o Airton Campbell que foi juntamente comigo homenageado com uma linda medalha, que guardamos com muito carinho até hoje, depois de termos entregue o prêmio da Especializada de Fila, julgada pelo Juiz Paulo Roberto Godinho, à fêmea Estampa da Boa Sorte, criação da Marilia Pentagna. 

Finalizando, como diz uma oração que leio pelas manhãs: “estou mesmo é preocupado com o amanhã, pois é nele que pretendo viver o resto da minha vida”... Assim, salve o novo BKC e CBKC !

II - O SITE

Como está escrito na Home Page, o  objetivo deste Site é disponibilizar grande parte da documentação que possuo para vocês. São documentos de minha propriedade, a maioria em seus originais ou nas cópias que eu guardei comigo ao longo destes anos. A idéia é que cada um de vocês se sinta folheando meus próprios arquivos, como se estivessem  no meu escritório. Assim, a cada clique dado por vocês, um documento se abrirá na sua telinha. Todo este meu arquivo pessoal está disponibilizado de forma bastante jornalística para vocês e segue sempre a ordem cronológica de cada informação. Entretanto, alguns links, tais como Registro Inicial, Cão Preto (filamarqueses), Ministério da Agricultura e CAFIB, ente outros têm seus documentos e assuntos agrupados em cada um de seus links mas, mesmo assim, mantendo sempre a ordem cronológicas destes eventos.

Na primeira parte da INTRODUCÃO, intitulada A MINHA HISTÓRIA,  procurei contar para vocês meu relacionamento pessoal com o Fila, com os participantes mais importantes deste cenário e os principais acontecimentos que achei necessário registrar. A partir deste momento, isto é, da segunda parte da INTRODUÇÃO,  denominada  O SITE, passo a comentar um pouco sobre os links e principalmente sobre alguns documentos aqui disponibilizados. Trata-se, sem dúvida, da história da Saga do CAFIB, sem a qual, este Site, assim como o Fila-puro, não estariam mais entre nós...

Espero que vocês, pesquisando estes documentos, se esclareçam e tirem muitas de suas próprias dúvidas sobre a história do Fila nestes últimos 34 anos. Mas desejo também que vocês se divirtam. Garanto que eu me diverti muito !  Afinal, como disse acima, o Chico-Guerreiro está quase aposentado, tendo dado lugar ao Chiquinho-Paz-e-Amor...

OS LINKS e SEUS DOCUMENTOS - BREVES COMENTÁRIOS:

Link 2 - Leitura Super Recomendada:
Tendo em vista que este Site ficou muito maior do que eu poderia imaginar (ao redor de 600 páginas/imagens!), achei conveniente agrupar em um só link a documentação que reputo ser mais importante, criando desta forma uma seleção de documentos mais relevantes. Sendo assim, recomendo para aqueles que não disponham de muito tempo, ler esta INTRODUÇÃO e este link, sem se esquecer de ir  saboreando o link FOTOS...

Link 3 - Documentos até 1974, alguns comentários:
3.1 - Artigo escrito por João Laraya em 1942 na Revista Caça e Pesca.  Segundo Paulo Godinho, trata-se do primeiro registro escrito sobre o Fila. Devido a esta conotação histórica decidi disponibilizá-lo.
3.2 - Artigo muito interessante, que já demonstra em 1954, como trata-se de uma dificílima tarefa “criar” uma nova raça canina. Provavelmente 99,99% de vocês jamais ouviram falar no Japma, Cão Brasileiro de Caça. Aproveito para mencionar que, tempos atrás, o Fila não era o único cão brasileiro, visto que existiam também o Terrier Brasileiro, Veadeiro Paulista, Rastreador Brasileiro,  Paqueiro e Perdigueiro, entretanto estes cães desapareceram, foram extintos... Este teria sido também o destino do Fila, em decorrência da mestiçagem. Acontece que estas raças ou tipos, foram desaparecendo com o passar dos anos. Insisto neste fato para demonstrar a vocês como é difícil, depois de “criar”, manter uma raça viva. Logo, somos obrigados a concluir, que os mestiçadores que faziam suas cruzas ilegais e, ainda, falsificavam pedigrees e não mantinham o indispensável controle das coberturas e de suas ninhadas, jamais chegariam a um objetivo pré-determinado válido e muito menos sério e científico, objetivando criar algum tipo canino; salvo auferir maiores ganhos comerciais.
3.3 até 3.18 - Luiz Hermanny, Zito Hermanny e Paulo Santos Cruz: Encontrava-me perdido com relação ao Fila e, mais ainda, quanto a  minha pretensa criação, quando resolvi entrar em contato com o Zito Hermanny. Não me recordo como se deu nosso primeiro contato, mas o fato é que marcamos um encontro num sábado no Álvaro`s, barzinho que fica no coração do Leblon, na esquina das Ruas Cupertino Durão e Ataulfo de Paiva. Entre “um chope e dois pasteis”, ele me deu a dica mágica: Paulo Santos Cruz. Dois caminhos a seguir: tentar comprar num sebo o livro do seu avô, que tinha alguns capítulos escritos pelo próprio Paulo ou ir a Santos, conversar com o Pai do Fila. Claro, fiz as duas coisas...

Lin 4 - Documentos de 1975 e 1976, alguns comentários:
4.2 e 4.3 - Artigo de César Mesquita, A&V, Ago/75: trata-se da primeira menção, mesmo que de forma tímida, sobre a mestiçagem. Vejam bem: se hoje tem gente que desconhece e tem gente que finge desconhecer a mistura, imaginem  há mais de 30 anos atrás. Parabéns ao César e a A&V pela coragem.
4.5 até 4.9 - Minha primeira coluna no DN e também meu primeiro artigo publicado na A&V.
2.12 até 4.14 - Brutus: Fila Herói da Guerra do Paraguai segundo Viriato Correa e amigos...
4.15 e 4.16 - A primeira carta que recebi de Paulo Santos Cruz, que se encontrava há anos afastado da cinofilia. Era o início do retorno do nosso Mestre...
4.17 - Magistral artigo escrito por Paulo Godinho sobre a Volta do Grande Mestre.
4.18 até 4.37 - Cartas trocadas entre FPeltier e PSCruz, onde comentamos a necessidade de criação de um clube de criadores e faço uma interessante “necropsia” no livro de JBGomes.

Link 5 – RI, Registro Inicial, alguns comentários:
Acredito que fui o primeiro a me posicionar contra o fechamento do RI (vide doc 5.1). Trazer PSCruz para esta batalha foi fácil. Bastou um pouco de pilha... Imaginem, fechar o registro dos homens e não da Natureza para Filas puros, os mesmos Filas que, durante anos, o Paulo foi buscar em Minas Gerais a fim de organizar o Canil Parnapuan, um dos  melhores   de   todos   os  tempos e o primeiro  a   exportar   Filas  para a Alemanha!  Estes
mestiçadores tinham mesmo muita cara de pau... No início, ingenuamente, eu acreditava que os mestiçadores defendiam este fechamento para, mesmo que de forma errada, tentar preservar os Filas puros de possíveis coberturas com cães possuidores de RI que não fossem filas, os quais poderiam ter obtido este registro de forma equivocada, em decorrência de um julgamento errado. Algum tempo depois realizei que o fechamento do RI era muito interessante para os mestiçadores, pois:

a) inibiria que criadores honestos trouxessem Filas puros do interior, sem pedigree do BKC, notadamente de nossa querida Minas Gerais –- berço do Fila -- com o objetivo de melhorarem suas criações. Não custa repetir: foi exatamente este o procedimento adotado por PSCruz no início de sua criação e mais tarde pelo próprio CAFIB desde sua fundação;

b) da mesma forma, afastariam do Fila puro da cidade, antigas correntes sangüíneas de verdadeiros  Filas que poderiam ser trazidas do interior e que nos ajudariam a manter o tradicional fenótipo e temperamento do verdadeiro Cão de Fila Brasileiro;

c) cassando a possibilidade de obtenção do RI para  Filas puros ainda sem pedigree do BKC, aumentariam o valor comercial dos mestiços  “fabricados” e vendidos pelos mestiçadores;

d) diminuindo o número de Filas puros, seria mais fácil alterar o temperamento agressivo do Fila, transformando-o num bastardo mais dócil e, assim, mais comercialmente apto à exportação. Lembrem-se ainda que o Fila é a única raça canina no mundo que não se deixa tocar pelos juizes.

e) e, finalmente, devemos notar que como os mestiçadores falsificavam pedigrees, eles obviamente continuariam a ter o seu próprio RI.  Notaram a malandragem? Isto mesmo, um RI particular deles, via falsificação de pedigrees, onde o BKC era usado apenas para assinar e validar este crime...

Mas, meus amigos, a vida me ensinou que devemos manter o pé no chão. Com muita fé, esperança e otimismo, mas também com muito suor e trabalho. Entretanto, sempre  consciente da realidade em que vivemos. Devemos sempre correr atrás de nossos sonhos e realizações, mas sem criar sonhos irrealizáveis. Assim como o CAFIB, não sou adepto da filosofia do “...me engana que eu gosto”. Não aceito viver num país de faz de conta. Vejam bem: o curioso nesta situação do RI era o BKC exigir de criadores estabelecidos em fazendas, num país imenso como o Brasil, que registrassem suas ninhadas... Ora, convenhamos, muitos fazendeiros sequer registravam animais de muito maior valor econômico como bois e cavalos de suas propriedades, logo, não se preocupavam tanto em registrar “cachorros”... Muitas vezes nem mesmo suas fazendas encontravam-se devidamente  registradas...    Assim  funcionava  naquele  tempo  a   mentalidade de  muitos
fazendeiros. Ora, reconheçamos, muitos brasileiros ainda hoje não têm sua Certidão de Nascimento... Logo, porque registrar “cachorros”? Se alguns empregados não possuíam Carteira de Identidade, para que seus Filas terem pedigrees?

Mas, continuando este “non sense”, vocês pensam que o BKC possuía diversas representações espalhadas pelo interior do Brasil? Que seria fácil registrar ninhadas de Filas e que os fazendeiros eram preguiçosos? Que nada, só nas capitais!  Aquele BKC de outrora vivia noutro país, um faz de conta...

Ora, meu amigos, convenhamos: o nosso querido Brasil é maravilhoso. Já residi no exterior 3 vezes: estudando em Palo Alto, Califórnia-USA e trabalhando tanto em New York quanto em Londres. Não troco nosso Patropi por nada deste Mundo! Adoro esta minha terra querida e, mais ainda, minha Cidade Maravilhosa, rodeada por tanto mar e serra; repleta de verde, beleza pura... Uma bela caminhada durante a manhã nas praias de Ipanema e Leblon, não tem preço. Andar pelas alamedas do Jardim Botânico, subir as Paineiras e uma bicicletada pela orla no fim da tarde é um sonho. Um pôr-do-sol no Restaurante Bira,  um fim de semana nas Cidades de Petrópolis-Angra-Búzios, o Maracanã lotado num Domingo de Fla x Flu, o Desfile das Escolas de Samba no Carnaval da Sapucaí, a Praia do Pepe fervendo, um jantar no Restaurante Marguta...  quanta felicidade.!!! E os amigos? Ah..., ir numa quinta de noite numa estréia no Canecão convidado na mesa da Giovanna e do Mario, um cineminha sábado de noite na casa da Glórinha e do Luiz, um churrasquinho domingo ou as 12 festas por ano que sempre rolam na casa da Maninha e do Leleco, um excelente papo (obrigatoriamente sentado) a qualquer hora com o Afonsinho sempre na presença de sua Beth Augusto super-montada,  as histórias gloriosas do nosso eterno Rei da Noite Alô, Alô Amaral e as inúmeras obras de caridade da Giselinha (La Loren !!!), o sorriso da Família Sorriso capitaneada por  Moniquinha e Sérgio, ouvir os discursos “objetivos e focados” do nosso Paulinho tendo sempre ao lado nossa alegre Mirnoca, um papo animado no triplex do Casal Dany e Bob, desfilar nas Escolas de Samba Portela e Rocinha e assistir aos Desfiles no Camarote Rio, Samba e Carnaval do nosso querido Mauricio sempre lembrando da Primeira Dama Tânia, curtir o fim de ano na Avenida Atlântica na Praia de Copacabana, primeiro no palácio suspenso da Beth e do Serpinha, esticando mais tarde no reveillon no apartamento do André e do Bruno no Chopin, que maravilha... Finalmente, as nossas inúmeras e santas BLT`s semanais e, também , o “oásis” divino que é o nosso Country Club. Ah... que cidade mais do que maravilhosa...

Nosso  povo é ótimo, alegre, carinhoso e de bem com a vida mas, PQP é de matar um pais onde: os políticos em sua maioria formaram uma Casta que se apoderou do poder em Brasília; a Justiça lenta, não é justa;  campeia a Impunidade, mal maior deste pais; a violência urbana que nos massacra todos os dias; a Petrobras se proclama auto-suficiente, mas continua importando óleo; não se tem idéia de quanto custa um deputado por hora, como em qualquer empresa privada que conhece o seu custo de h/h; não se tem a menor idéia de quanto custa instalar, manter (e não dar em nada) uma CPI; os políticos mentem desavergonhadamente; a Educação é de quinta;  se reclama do lixo nas enchentes,  mas não se proíbe a fabricação das embalagens tipo Pets nem dos sacos plásticos; se reclama do gasto excessivo de água, mas não se obriga as novas moradias a possuírem medidores individuais; se permite que as ONG`s fajutas funcionem como estatais no recebimento de verbas governamentais, mas que funcionem como empresas privadas sem controle do Estado na gastança não fiscalizada; se cobra como tributos de cada brasileiro por ano o equivalente a quatro meses e meio do seu sagrado trabalho; as alíquotas que incidem sobre os produtos que compõem a cesta básica são em média de 30%; a Cidade da Música no Rio tenha sido orçada em R$ 80 milhões e hoje já se tenha gasto mais de R$ 500 milhões; o SEBRAE afirma que apenas uma em cada 4 empresas que abrem por ano no Brasil, sobrevive --- e olhem que o CAFIB esta fazendo 30 este ano !!!; o Governo Federal insiste em anistiar centenas de entidades “pilantrópicas”, na ordem de R$ 2 bilhões, via MP-446, premiando  os  malandros  e  desestimulando  os honestos;  se  restringe  o  uso de algemas;
candidato com ficha suja pode ser eleito, mas não pode ser contratado como faxineiro da Câmara; os Partidos Políticos aceitam a filiação destes marginais; existe Foro especial para políticos; se concede Hábeas Corpus para que não se deponha em CPI; preso, após cumprir 1/6 da pena, vai para casa sem ter sido ressocializado; o Caso Bateau Mouche nunca deu em nada, assim como  os acidentes aéreos da TAM e Gol continuam sem que os seus responsáveis tenham sido punidos; existem mais de 20 partidos políticos  cuja maioria serve mesmo é como base de manobra;  o Incra apareceu em set/08 como um dos maiores desmatadores de nossas florestas e, finalizando, amigos, num país onde se esqueceram das Feras do João e do Telê e se paparica os Cordeiros do Dunga... Ah, que saudades do Pasquim !!!...

Então, num país maravilhoso como o  Brasil, mas que infelizmente carrega tantas mazelas políticas -- e políticos -- como as acima mencionadas, aparecia o BKC de outrora, ingênuo  como um estudante de 1º Grau, exigindo registro de ninhada nos mais distantes rincões deste nosso querido Brasil, como se nossa área geográfica fosse a de uma Holanda ou Bélgica. Ou seja, uma piada.  Entretanto,  como disse no item BKC III acima, os tempos são outros: soube até que há alguns anos o BKC /CBKC reabriu um tipo de Registro Inicial... Acredite se quiser, a conferir... Aleluia !

Link 6 - Documentos de 1977, alguns comentários:
6.2 até 6.6  - Considerações muitos interessantes de PSCruz sobre o Pedigree.
6.17 até 6.20 – O artigo mais curioso que já redigi.  Indispensável ler  antes os Comentários que se encontram no doc 6.18. Artigo escrito por mim com o especial objetivo de confundir e metralhar as teses mastiffeiras expostas no livro de João Batista Gomes.

Link 7 – Cão Preto x Fila Puro, alguns comentários:
Acredito que eu também tenha sido um dos primeiros a denunciar os bastardos de cor preta (vide docs 7.1 e 7.2).  Convenhamos, pra mim era muito fácil, pois tinha sempre na minha retaguarda o nosso Mestre de Criação, o Pai do Fila, fundador do CAFIB, nosso querido e insubstituível Paulo Santos Cruz. Bastava passar a bola redondinha para ele que, igualzinho ao Rivelino, nosso Paulão fuzilava no gooooooooooooooool!!!!!!!!!!!!!!!!
Bem, a cor preta constitui o maior auto-atestado público de mestiçagem que conheço. Além de ser uma teimosia burra sem tamanho, que infelizmente causou danos terríveis à Raça Fila.  Afinal, qualquer pessoa sabe o que é preto e, também, olhar para um cão e defini-lo magrelo, esguio, sem barbela, pernalta e meio manso... Tentaram de todas as formas justificar o injustificável. Apelaram até para dizer que a volta da cor preta era fruto de um resgate científico da genética, o escambau a quatro. Se fosse poucos anos atrás teriam dito que foi clonagem ou DNA... Eu apenas denunciava: filamarqueses, fruto da cruza de fila tigrado com dinamarquês preto, ou seja, uma puta “salada genética”... Amigos, basta vocês conversarem com algum entendido em marketing, com um profissional ligado a indústria da moda, ou qualquer especialistas em vendas: a cor preta vende! Daí que coloquei minha alça de mira bem em cima destes bastardos e apelidei-os de “filamarqueses”. Amigos, até o nosso querido Christofer Habig, lá da Alemanha, enviou uma carta assinada por 42 criadores alemães para o Senhor Lucena, pedindo que o preto fosse banido. Meu Deus, que vergonha ! (vide doc 7.10). Eu implicava e me divertia muito com os criadores de filamarques, colocando nos Classificados do JB, naquela época os mais procurados do Rio, diversos anúncios dizendo que tinha interesse em comprá-los, mas tinha que ser puro e que não servia dos Canis Kirimaua, Sete Barras, ABC... (vide doc 15.3). Vejam também no link FOTOS principalmente os docs 18.11, 18.12, 18.34 e 18.35. Além disto eu previa o nascimento de cães com outra cor proveniente e característica do dinamarquês-preto: a cor arlequim, que tempos depois começou a aparecer desconcertantemente em algumas pistas de exposições no Brasil...(vide doc 18.35). Airton Campbel levou para um Simpósio sobre a Mesatiçagem,  realizado pelo CAFIBE (Clube de Amigos del Fila Brasileiro en Espanha) realizado em Nov/2.008 mais de 10 fotos destes mestiços de fila com dinamarquês na cor arlequim. Que tragédia, meu Deus !!!
Terminando, juro a vocês, a Natureza é mesmo muito sábia: jamais vi um mestiço e bastardo de cor preta, com fenótipo de Fila puro ! E quanto a voces?

Link 8 - Documentos de 1978, alguns comentários:
8.1. – Nas minhas confidências nesta carta para PSCRuz reporto, na véspera de ser transferido para trabalhar em Londres, o jantar que tive com JBGomes e JBlumen, onde me contaram sobre os planos previstos para os 55 mestiços. Foi muito importante antes de minha viagem colocar PSCruz a par de mais este atentado contra o CFB. Afinal, eu nunca perdia uma oportunidade sequer de atiçar o nosso querido Mestre deCriação... Podem acreditar: o Velho Paulo tinha “ojeriza” a mestiçador...
8.9 -  Luiz Antonio Maciel e um grupo de criadores paulistas enviam ofício ao KCP solicitando verificação de raça (Fila) no cão Anajás do Rio Negro. O cerco começava a apertar em cima do BKC...
8.12 – LAMaciel aperta ainda mais o cerco ao BKC e cobra providências do Sr. Lucena.
8.14 até 8.18 – Minha Carta Aberta de Londres, datada de 3/08/1978. Segundo o Paulo Godinho maior bomba já lançada no seio da Cinofilia Nacional. Em 5 folhas detonei Oscar Miranda, Henrique Lucena, Cláudio Fontes, Jacob Blumen, Ênio Monte, João Batista  Gomes, Procópio do Valle,  e ainda citei alguns mestiços. Resultado: implodi o plano de um II Simpósio em Brasília, de mais uma alteração no Padrão (que amastiffaria ainda mais o Fila) e, principalmente, a tentativa do plano de JBGomes de privilegiar a cobertura de nossa Raça com 55 mestiços previamente selecionados por ele e seu grupo. Reputo o documento mais  importante   que  já  redigi.  Observação:  esta  minha  CA  foi  escrita  numa  máquina datilográfica IBM inglesa, sem acentos, cedilhas, etc... Assim, o correto português ficou muito prejudicado. E, o mais grave, datilografada por minha secretária alemã, de nome Bárbara, que não falava nem lia português, de noite, após expediente  e de favor... Pior: minha letra era (e continua) horrível. Desta forma, nada mais justo do que fazer um agradecimento, mesmo sem me lembrar do sobrenome dela... Além do mais, eu queira mesmo era enviar logo esta CA o mais rápido possível para o Airton, que se incumbiu de copiar e enviar para todo o pessoal no Brasil.
8.21a. – Maravilha de carta e trabalho de prospecção que me foi encaminhada pelo saudoso "007"  Carlos Alberto Barroso Pereira, de Juiz de Fora. Não lembro exatamente como, mas o fato é que o nosso Barrosinho deu uma de mineiríssimo no KCP, quando este afiliado do BKC informa que no Brasil existem apenas  dois Mastiffs Ingleses, ambos machos -- Elementar meu  Watson e Caro Lucena.. --, propriedade de Ênio Monte e João Batista Gomes... Incrível. Parabéns Grande Barroso !!!
8.30a até h – Lançamento e primeiro número do Jornal O Fila, do CAFIB, criado pelo jornalista e fundador do CAFIB Luis Antonio Maciel.   O Jornal  O Fila é  um  dos  maiores
centros de conhecimento do CFB, que foi lançado com este magistral artigo de PSCruz intitulado “Como distinguir um fila puro de um mestiço”, Amigos não deixem de ler, pois trata-se de uma obra de arte. Alem deste, leia também o artigo de LAMaciel contando a fundação do CAFIB.

Link 9 - Documentos de 1979, alguns comentários:
9.3. – FB – Um Presente das estrelas: poesia pura de autoria de Paulo Godinho...
9.4. – Imperdível: Manifesto do CAFIB contra a violência do BKC, assinado por A Campbell.
9.6 até 9.9. – Imperdível: Ofício do CAFIB, por  LAMaciel, mencionando independência.
9.12 até 9.18 – Circular BKC nº 79: resposta do teimoso Sr. Lucena tentando punir o CAFIB, onde: f) recusa a abertura do RI e, ao se justificar, interpreta erroneamente ou de propósito, que RI e Pedigree tratam-se de documentos com o mesmo valor e finalidades. Além disto, “mistura” a realidade internacional com as necessidades nacionais; h e i) não homologa, como árbitros do BKC, juizes do CAFIB, inclusive PSCruz, ACampbell, Américo Maciel, entre outros. j.1) Torna Francisco Peltier “Persona non Grata” da cinofilia nacional --– seja lá, isto, o que for (!?!?!?!), além de outras bobagens.
9.21 – Carta de Francisco Peltier ironizando a Circular BKC nº 79 e reafirmando todas as suas denúncias...
9.24a – Francisco Peltier comenta em entrevista concedida a ACMendes na sede do Estadão,  os  fatos  que  o  levaram a  escrever a Carta Aberta de Londres, isto é: o “antigo
acordo”, onde João Batista Gomes  planejava realizar o II Simpósio de Brasília no qual seria mais uma vez alterado o Padrão do Fila  com o objetivo de torná-lo ainda mais amastiffado e apresentar 55 mestiços que JBGomes considerava que iriam “melhorar” a Raça Fila – e provavelmente sua conta bancária também...
9.29a e b – Este simples  Ofício do CAFIB encaminhado ao Ministério da Agricultura foi o início da revolução que terminou com a perda dos  direitos  exclusivos que faziam com que o BKC e posteriormente o CBKC, fosse o único clube cinófilo autorizado pelo Ministério da Agricultura a manter o Registro de Origem e emitir os respectivos pedigrees dos caninos no Brasil. Creio que o Sr. Lucena, acostumado a dar atenção somente à FCI ignorava e, portanto, desrespeitava  o Convênio existente com o Ministério da Agricultura que responsabilizava BKC/CBKC pela manutenção do correto controle e registros dos cães em nosso país.  Ou seja: a estrada estava se abrindo para o CAFIB pleitear este controle, o qual acabou recebendo do Ministério da Agricultura para a Raça Fila Brasileiro (vide link o CAFIB e o MA).
9.35 – O Clube Mineiro dos Criadores de Fila Brasileiro, por intermédio de seu Presidente Arthur Verlangieri, nosso querido Verlan, esclarece os motivos que o levaram a desligar-se do BKC.

Link 10 - Documentos de 1980 até 1983, alguns comentários:
10.2. – Magistral artigo publicado no nº 19 do Jornal O FILA esclarecendo as trapalhadas criadas pelo Sr. Lucena no Ministério da Agricultura, conforme doc 9.29a e b acima.
10.7 – O criador e fundador do CAFIB em Pernambuco, advogado José Souto Maior Borges, esclarece e analisa em profundidade a desvinculação de todas as raças caninas do Ministério da Agricultura.
10.8 – Luiz Antonio Maciel, secretário do CAFIB, informa aos leitores do Estadão, que o Club fur Molosser e o Kennel Club alemão (VDH) rejeitam o pedido do Presidente da CBKC, Eugenio Henrique Pereira de Lucena, para que os pedigrees emitidos pelo CAFIB não sejam mais aceitos pelos alemães. Comenta ainda que o Sr. Walt Weisse, presidente do Clube dos Molossos alemão, afirma  que o CAFIB, apesar de não ser reconhecido pelo CBKC, é uma entidade séria, preocupada com a “...a manutenção da pureza rácica do FB no Brasil...”, composta por juizes e criadores de reputação, que acredita e confia mais nos pedigrees (de Filas) do CAFIB do que nos emitidos pelo CBKC e finaliza: “... O paradoxo é que nós tenhamos que confiar mais nos documentos  – dissidentes – do que nos da entidade oficial (CBKC) ligada à FCI”. Ou seja, amigos, mais uma vergonha para o CBKC. Como podemos observar, o Sr. Lucena – equivocadamente -- acreditava mais em papéis, carimbos e assinaturas, do que na criação real, viva, de carne, osso e rabo. O Sr. Lucena  não entendia que não tem importância para um criador sério e honesto um pedigree perfumado e bonitinho se, de fato, este papel não espelha a realidade. Ainda mais, se for falsificado! Um criador correto não cria “papel”, cria cães! Um criador verdadeiro se preocupa mais com a real linha genealógica do seu cão, do que pendurar na sua parede um pedigree falsificado ou desfilar nas pistas das exposições com um mestiço premiado. O Sr. Lucena – erradamente – privilegiou o papel e não o sangue. O Sr. Lucena, procedendo desta maneira, desrespeitava os cães, seus criadores e a criação canina nacional, desrespeitava também seus colegas dirigentes, desrespeitava ainda o convênio com o Ministério da Agricultura e os acordos firmados com a FCI.  Finalmente o Sr. Lucena, ao proceder desta maneira, desrespeitava, em última análise, o próprio CBKC e toda uma história de acertos, conquistas e glórias do nosso querido  Brasil Kennel Club que, desde 10 de novembro de 1922 até 1º de fevereiro de 1980; foi o responsável pelo controle e avanços em outras raças da cinofilia brasileira.
10.9 até 10.11 – Estas 3 correspondências mostram como a criadora Marília Pentagna, proprietária do Canil Boa Sorte – Valença – RJ, foi perseguida  pelo BKC , assim como vários outros membros do CAFIB-Rio. Sempre procurei na medida do possível conhecer o caráter dos meus adversários na cinofilia. Assim, depois que conheci mais um pouco a personalidade do Sr. Lucena, penso que ele, apesar de funcionário do Banco do Brasil, quando assumia as rédeas no controle do BKC/CBKC, era possuído de imediato pela síndrome do pequeno-poder.  Acho que ele se transformava num General Lucena, ditador autoritário, talvez inspirado em alguns militares da Junta Militar, que durante alguns anos mandou no Brasil. Talvez isto explique as atitudes arrogantes e extremamente ditatoriais que ele adotava. Aproveito para registrar que comento o posicionamento do Sr. Lucena estritamente na qualidade de ex-Presidente do BKC/CBKC, enquanto deliberava em relação à Raça Fila.
Declaro assim desconhecer portanto totalmente a sua performance enquanto dirigente  cinófilo de outras raças e jamais me reporto à sua vida pessoal. Tanto que, sem desconforto algum, telefonei para ele, marcando uma visita em sua própria residência na Barra,  quando lá levei para um encontro Christofer Habig e permanecemos a tarde inteira sem que tenha havido nenhum problema. Este nosso relacionamento sempre amistoso foi recentemente lembrado pelo criador mineiro Antonio Carlos Linhares Borges, visto que, quando redigia o seu livro, que se encontra no link “Documentos de 1984 até...” (doc 11.20) com prefácio do Sr. Lucena, comentou dias atrás comigo que o próprio ex-presidente do BKC/CBKC sugeriu que ele (Antonio Carlos) entrasse em contato comigo para conversarmos sobre este seu excelente livro.
10.13 – Artigo magistral publicado no nº 42 Jornal O Fila, de autoria do Mestre Paulo Santos Cruz, dissecando e necropsiando o livro de autoria de Procópio do Valle, maior defensor da cor negra nos filas-mestiços,isto é, os filamarqueses,  intitulado “O Grande Livro do Fila Brasileiro”.  Este livro,  com  tantas  falhas de  raciocínio real e
lógico, atropela os fatos e a história, valoriza versões e simples desenhos e, finalmente, encontra-se repleto de tropeços e incongruências. Donde PSCruz conclui que este livro deveria se chamar “A Grande Confissão da Mestiçagem” ...
10.14 – Conforme já reportado neste Site, a pedido de Christofer Habig levei-o ao apartamento do Sr. Lucena na Barra da Tijuca, em 12/08/83 sem desconforto algum pois, apesar de possuir um pensamento a respeito do Fila totalmente diferente do dele, sempre mantive o contato aberto e direto. Afinal, tratava-se do Presidente do CBKC. Devo, entretanto, confessar que jamais entendi quais os fatores que o levaram a aceitar nosso pedido de redigir e assinar uma Carta Aberta reconhecendo a mestiçagem. Para mim, e certamente para o nosso querido Cris Habig, hoje Presidente do VDH, este fato será sempre um mistério.  Obs: no excelente livro de Antonio Carlos Linhares Borges,  intitulado “CFB, Preservando o Original”,  que se encontra no link “Documentos de 1984 até...” (doc 11.20) pode-se ler no  prefácio de autoria do Sr. Lucena que ele, pela segunda vez, confirma a existência da mestiçagem na Raça Fila Brasileiro.
10.15 até 10.17 – Interessante resumo da visita de Christofer Habig ao Brasil, elaborado por ACMendes no Estadão.

Link 11 - Documentos de 1984 até ..., alguns comentários:
11.12. – Francisco Peltier e Renato Tarquínio Bittencourt analisam a exclusão de todas as raças caninas do Ministério da Agricultura.
11.15 – Relatório do CAFIB sobre os seus 10 anos de atividades.
11.19 – Tributo ao Mestre Paulo Santos Cruz: excelente artigo de Paulo Godinho
11.20 – “O CFB, Preservando o Original” - Excelente livro de autoria do criador, juiz e dirigente de vários clubes de Fila, Antonio Carlos Linhares Borges, que sempre esteve preocupado com a preservação do Fila puro. A capa traz a excepcional cabeça do Fila Zabelê do Caramonã, não fosse este exemplar das Minas Gerais, “o berço do Fila”... O Prefácio é de autoria de Lucena onde, pela segunda fez, o ex-Presidente do BKC/CBKC, reconhece a existência da mestiçagem de Filas com Masfiff Inglês, Mastim Napolitano, Dinamarquês e até mesmo com o São Bernardo. Lucena ainda comenta e enaltece o temperamento nobre do puro Fila. Não deixem de ler também o ótimo capitulo intitulado -- A respeito de “Evolução e Preservação” sobre o Fila Brasileiro, aonde o autor revive a formação do Fila enquanto Raça, criada pela Mãe Natureza, longe dos desejos e caprichos dos Homens. Ou seja, indiretamente, este capítulo acaba  com qualquer  explicação que tente validar a mestiçagem, comparando o seu resultado a um produto novo, uma nova linha e até mesmo “... um novo modelo de carro”. Este livro é uma leitura simplesmente imperdível, escrito como muito conhecimento e amor ao nosso Fila. Bravo Antônio Carlos! Salve Minas Gerais, berço do nosso Fila !!!
11.21a e b –  Ines Van Damme, A Detetive do Fila. - Ines é, simplesmente, uma das mais gratas revelações que tive na Raça Fila.  Não me recordo exatamente de como foi organizado o nosso primeiro encontro. Lembro bem que em 1994 passamos pelo menos dois dias inteiros conversando sobre Filas e filas (Fila com “f” minúsculo = mestiço) no meu escritório. Ela desejava freneticamente saber tudo e fazer cópia de todos os documentos.  Extremamente interessada e atenta, seu objetivo naquela viajem era muito claro: desejava apurar todas as verdades, mentiras e, ainda, todas as  versões e correntes de pensamento possíveis, sobre os acontecimentos que haviam marcado  a Raça Fila nas últimas décadas no Brasil.  Uma verdadeira “Detetive do Fila”...

Nossa querida Ines tem cidadania holandesa e espanhola, mas certamente  possui uma grande parte do seu coração marcado para sempre de verde e amarelo, devido ao carinho e amor que sente pelo nosso Fila Brasileiro. Quis o destino que quando eu começava a tirar estas minhas “prolongadas férias”, Ines começasse a aterrissar com força total no ambiente do Fila, a fim de marcar para sempre, com suas atitudes e seus dois livros, a História do Fila.

Em seu excelente livro intitulado EL Grand Libro del Fila Brasileño, editado em  2.000, (como parte da coleção espanhola que leva obrigatoriamente no início o título de “El Grand Libro” antes do nome da raça), encontramos, ao lado  do magnífico texto, uma fantástica seleção de fotos, muitas declarações de amor à nossa Raça, além de demonstrar um profundo conhecimento de Ines sobre a História do Fila.
Já na Introdução deste seu livro, Ines comenta: “Nas décadas de setenta e oitenta, alguns criadores brasileiros  inconseqüentes cruzaram  o fila brasileiro puro com outras raças com o objetivo de obter um caráter mais manso e outra cor. Estou consciente de que estou aqui tratando de um tema delicado, sobretudo para aqueles criadores que conhecem o que se passou,  mas que preferem negá-lo. Entretanto o passado não se pode negar, nem esquecer, posto que as feridas são ainda visíveis e, talvez, irreparáveis. Como conseqüência da mestiçagem, no mundo do fila temos uma maioria  de exemplares afetados. E parece que não se aprendeu o suficiente  destes acontecimentos tristes, visto que alguns criadores continuam sem respeitar o tipo puro.”

Garanto a todos vocês que este livro da Ines é uma leitura imperdível,  por ser uma fiel e agradável narrativa dos fatos e acontecimentos que marcaram os últimos anos da História do Fila no Brasil, visto que foi escrito por uma admiradora independente, que veio ao Brasil 4 vezes. Nestas oportunidades percorreu centenas de quilômetros  em nossas cidades e estradas, tendo visitando canis e criadouros em distantes fazendas do Brasil. Também entrevistou, pesquisou, perguntou e interrogou. Desenvolveu assim todo este seu espontâneo e livre trabalho, sem estar vinculada a clube algum para, depois, ter chegado às suas próprias conclusões da verdade referente aos acontecimentos dos últimos anos na Raça Fila no Brasil.  Em março próximo creio que nos veremos novamente.
Parabéns, Ines. Depois das minhas férias de pouco mais de 12 anos, fico profundamente feliz de, no meu regresso, revê-la e reencontrar a mesma paixão que você tem pelo nosso Fila. Muito obrigado, querida Ines, por vir de tão longe ajudar a preservar o Cão de Fila Brasileiro puro.
11.22 – Email de Marilia Pentagna comentando o CAFIB, decorridos 30 anos...
11.22A – Email de Paulo Godinho comentando Francisco Peltier e este Site...
11.23 – Carta de Airton Campbell comentando do Jornal O FILA até este Site...

Link 12 – CAFIB-BRASIL, alguns comentários:
O CAFIB constitui-se no maior centro de conhecimento a respeito do Cão de Fila Brasileiro. Nos meus Comentários (12.01a e 12.01.b) conto interessante parte dos bastidores de sua criação. Recomendo também a leitura do doc 12.6 e 12.6A, onde agradeço ao CAFIB a homenagem que me prestaram.

Link 13 – O CAFIB e o MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, acredito que ao longo desta INTRODUÇÃO este assunto tão importante foi bastante comentado. Entretanto, o nº19 do Jornal O Fila esgota este triste capítulo da história do BKC/CBKC.

Link 14 – CAFIB-Rio, alguns comentários:
Muito interessante,  principalmente  para se conhecer  nossos bastidores e nosso cuidado e
atenção, sempre no intuito de bem realizar nosso trabalho. Um agradecimento especial ao antigo Supermercado Freeway, onde realizamos a grande maioria de nossas Expo`s.

Link 15 – Canil CAFIBRA, alguns comentários:
Nos doc`s 15.1-a, 15-1b e 15.4 vocês saberão o que aconteceu comigo a partir do momento que resolvi comprar uns cães de Fila. Não sou exceção: muitos vivenciaram exatamente os mesmos problemas que eu, devido aos mestiçadores e dirigentes omissos. Recomendo também a leitura do doc 9.32-C, relativo a uma entrevista que dei em 1979 para o Jornal do Brasil, onde naquela oportunidade, isto é,  há  29 anos,  já declarava que, dos 3 cães que adquiri pensando que eram Filas , apenas um era Fila puro. Importante: jamais me revoltei ou desejei me vingar de alguém . Procurei, ao contrário, ter uma atitude pró-ativa em favor do Fila, de sua preservação e aprimoramento. E, cá para nós, o Fila merece!

Link 16 –A IMPORTANCIA DA IMPRENSA, alguns comentários:
Neste link vocês poderão observar toda a atenção que dispensamos à Imprensa. Sem esta “ferramenta” tão importante, que nos ajudou a divulgar os crimes cometidos contra o Fila, nosso caminho, não tenho a menor dúvida, teria sido extremamente mais difícil. Viva a imprensa livre ! E, pegando carona: Abajo Hugo Chaves ! Bravo Juan Carlos !!!

CONCLUSÃO

Pois bem, amigos, estamos chegando ao fim. Abri meu coração sempre apaixonado pelo Fila, mas também liberei minha razão. Deixei meu conhecimento dos fatos fluir até vocês. Tenho absoluta consciência que fiz meus relatos de forma extremamente fiel. Não neguei a vocês nenhuma informação a qual reputo importante. Entendo que não poderia morrer sem passar este meu conhecimento adiante.

Trabalhei incessantemente nestes últimos 70 dias, quando todo o trabalho exaustivo deste Site foi realizado. Varei várias noites, trabalhei feriados  e fins de semana. Algumas vezes na vida deixamos de realizar algo por sermos perfeccionistas. Certamente perdemos oportunidades, como aquele surfista aguardando sempre a onda ideal. Mas isto não poderia acontecer com este trabalho. Reli e reescrevi este texto inúmeras vezes. Foi um árduo trabalho, desde a seleção e organização do material, até a redação final desta Introdução, pois era um trabalho que somente eu poderia fazer.

Afinal, se o Ibope e o Data Folha podem ter margem de erro de 3% na divulgação das pesquisas e muito mais quando da apuração dos votos, imaginem o Chiquinho, Paz e Amor... Ora, amigos, sabemos que o ótimo é inimigo do muito bom...

Bem, de agora em diante ninguém mais vai ter a coragem de mentir, dizendo que a mestiçagem não existiu. Muito importante: entendo que não diz respeito a ninguém, se um grupo de pessoas resolve, por qualquer motivo que seja, cruzar cães de diferentes raças entre si. Entretanto o que sempre combatemos foi a venda de mestiços com pedigrees de Fila. Logo, desde o início, quando iniciei este combate, jamais me ative a pessoas, mas sim aos seus atos enquanto mestiçadores ou dirigentes omissos. Objetivamente: combati a pratica ilegal da falsificação de pedigrees e a venda de cães mestiços como se Filas puros fossem. Logo, declaro mais uma vez que jamais tive a intenção de ofender pessoa alguma, tenha sido criador ou dirigente. Respeito a todos enquanto pessoas. A prova disto é que sempre mantive diálogo aberto com os envolvidos, até mesmo visitando Eugênio Henrique Pereira de Lucena em sua residência.

Bem, para o CAFIB o importante sempre foi, é e será o Fila. O resto, é resto. Uma das razões do  sucesso do CAFIB foi a objetividade de atuação e o nosso foco sempre no Fila. Nunca nos preocupamos em agradar BKC/CBKC, dirigentes, criadores de Filas puros ou de mestiços, criar panelas ou fazer política. Muito menos ganhar dinheiro. O CAFIB sempre se preocupou em fazer a coisa da forma mais correta possível, apesar de todas as nossas dificuldades.   Amigos, a independência vale ouro !  O  BKC  dizia,  quando  da  criação  do
CAFIB, que seríamos apenas mais um clube de criadores descontentes, como tantos outros de várias raças que foram fundados e desaparecem. É, mas lá se vão 30 anos...Terrível engano daqueles dirigentes do passado, que não souberam avaliar o perfil dos fundadores do CAFIB. Estavam ainda acostumados com a política do “é dando que se recebe”, a troca de favores  e ao mercantilismo como fim. Resumindo: estes dirigentes de outrora desconheciam que o CAFIB foi fundado por admiradores do Fila, que tinham suas profissões e empregos. Ninguém dependia ou pretendia viver da venda de filhotes. E mais: com uma vontade enorme de resgatar o Fila do caminho da extinção. Além disto não tiveram a capacidade nem a humildade de perceber que o CAFIB, diferentemente de dissidentes  de outras  raças, se restringia à única brasileira, pouco necessitando da FCI ...

Finalizando, entendo que temos que guardar sempre em nossa memória os problemas causados pelos misturadores, para que isto jamais volte a acontecer. O mal da mestiçagem e da mistura sem controle está sendo contornado pelo trabalho de criadores não só do CAFIB, como também do CBKC no Brasil e de criadores do CAFIB e da FCI no exterior. Tenho absoluta certeza de que o tempo há de limpar para sempre esta mancha no sangue do nosso Cão de Fila. O período das grandes disputas e discussões está encerrado. O momento é de serenidade, bom senso, reflexão, mas sempre de determinação. O Fila merece voltar a ser reconhecido e apreciado, como no passado. O Fila jamais poderá voltar a ser possuído como um produto comercial e sua criação entendida como uma fabrica de reprodução. O Fila sempre foi e será para poucos. Quer seja na fazenda ou na cidade nosso Fila deve ser admirado antes de tudo como um fiel e incondicional amigo da família. O Fila é brasileiro. Logo, não necessitamos do sotaque inglês, napolitano ou dinamarquês. Nem de qualquer outro. Desejamos somente respeito, seriedade e amor de todas as nações ao Fila. O Mundo hoje transformou-se em uma pequena Aldeia Global. Por meio  da internet, em minutos, todos os paises se atualizam. A informação navega solta... As mentiras sobre a Fila, até então repetidas por autores e comerciantes comprometidos com a mestiçagem, cairão finalmente uma após a outra...

 Terminando, repito:  temos que pensar e planejar o futuro do Fila... Afinal,  estou mais preocupado é com o Futuro, pois é nele que pretendemos viver  os próximos anos de nossas vidas...

Francisco José Peltier de Queiroz
Rio, 9 de dezembro de 2.008

 FIM


Fila Brasileiro, Chico Peltier, Francisco Peltier, C�o de Fila Brasileiro Fila, CAFIB - Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro
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